Sinfonia do Coração

Eu me lembro do dia em que cheguei ao Villareju depois de uma longa jornada de trabalho. Após tocar a campainha, abri a porta ao perceber que estava destrancada. Juliana estava sentada à mesa com seu sócio na época. Eles impulsionaram juntos a ideia do Instagram em Festa, e embrionaram o projeto pela primeira vez. Antes que eu falasse alguma coisa, ela me interrompe:

“— O projeto é maior do que aquilo que estávamos pensando.”

Se você que me lê agora não faz parte da área de comunicação, eu quero te adiantar um significado simplificado para “Branding“. Sem delongas, se trata de sentimento e significado de marca. Pense em sua marca preferida de comida ou roupas. Que sentimento ela te traz? O que você sentiu não é fruto do produto em si, mas de uma série de fatores: cores, identidade visual, frases e termos que te conectam à marca e te fazem sentir o que você sente, como parte da comunidade daquela marca.

O que estava acontecendo com a Ju naquele momento? Ela estava entendendo que precisava formar a sua comunidade de empreendedores. De modo ousado, ela gostaria de falar não apenas com os produtores de eventos e decoração de festas, como no princípio, mas para todas as pessoas que desejam empreender usando o Instagram como plataforma. Eu já devo ter te contado que ela sempre tem uma carta embaixo da manga, quando se trata de referências. Não seria diferente agora. Há anos, já existia uma sigla para nomear sua comunidade. D.O.C.E, ou melhor dizendo “De Onde Começar a Empreender”. A função de existir desse grupo de pessoas é tornar os negócios feitos através das mídias sociais algo mais… Palatável.

D.O.C.E foi o nome de alguns cursos e eventos. O potencial da ideia era algo sensacional aos nossos olhos. Foi quando o Fred Oliva elaborou uma marca para o projeto. Ele é um dos meus designers preferidos. O mais curioso é que trabalhamos juntos no lançamento do curso no Instagram e nunca nos conhecemos. Oliva tem o dom de tornar o sentimento do branding (que eu falei lá em cima) em algo concreto. Ele é o autor da marca da Juliana Françozo também.

 

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Naquela época, estávamos “lotados” de inspiração. Eu gostaria muito de dar acesso à minha caixa de mensagens com a Ju, mas cobraria por isso. A quantidade de referências que trocamos é insana, mas sempre – e toda hora – estamos consumindo arte. Obviamente tudo deságua no nosso trabalho. As contas estrangeiras de instagram nos enchiam os olhos. Brasileiros incríveis como o pessoal do Estúdio Bingo também estavam entregando seu trabalho lindamente e aumentando nossa sede de fazer algo nesse nível.

 

 

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Foi quando eu tive oportunidade de conhecer o trabalho impecável do Tria Estúdio. Elas foram as autoras das fotos do feed branco e estavam prontas para nos fazer evoluir na ideia. Juliana se encarregou da direção de arte e entregar a tinta spray, uma assinatura e diferencial seu, à promoção desse novo passo em sua carreira. O resultado me impressionou. As fotos pareciam ter saído de um banco de imagens e há quem pergunte se baixamos de algum deles, até hoje. O segredo é o esmero das meninas do Tria em tratar, retratar e “tetratar” o produto final. A delicadeza no posicionamento das cores e texturas faz com que o trabalho de fotografia delas soe único e autoral.

Numa noite de segunda, depois de um tempo com nossos amigos, Eduardo e eu estávamos voltando para casa de carro. Ele trabalha com recursos humanos na área de publicidade, e em um de nossas primeiras conversas, ele me fez uma pergunta que eu já estava acostumado a ouvir:

“— Então Jeff, me conta, você é diretor de arte?”

Eu sempre tive uma resposta pronta para essa pergunta: dizer a verdade.

“— Eu nunca tive a oportunidade de trabalhar como um, mas me sinto totalmente pronto para fazer isso.”


O processo com o DOCE ficou marcado para mim como minha primeira experiência dirigindo arte. Unindo o trabalho de profissionais maravilhosos com branding, imagem e execução de campanha, o resultado final não poderia dar errado. Hoje eu sou diretor de arte, muito prazer. Mas, esse foi um momento crucial para entender a importância de alguém que conduz todos os músicos a executar uma só melodia, mesmo tocando os instrumentos mais variados. Aproveitar o melhor de cada um, arrematando um trabalho final que ficou conhecido, naquela época, como “Feed Doce”. Nove posts, que eram música para os meus olhos. Era a sinfonia do meu próprio coração.