Viva Magenta, a Cor que não viveu 2023.

Quem é fã de reality shows sabe que, em 2023, o maior programa do gênero no Brasil foi marcado por uma campeã que recebeu a alcunha de “ganhou mas não levou” por muitos membros da audiência. A doutora em questão não estava sozinha nesse conceito… 

Viva Magenta foi escolhida dentro da narrativa da escolha das cores do ano pela maior autoridade em cor no mundo atualmente, a Nova Iorquina PANTONE.

Caiu de paraquedas nessa conversa sobre Cor do Ano? Não se desespere: Em 2021 eu escrevi um artigo rápido e bem completo sobre o Pantone Color Institute e a importância de se ter uma cor dando norte à narrativa do design gráfico, webdesign, design de interiores, decoração e moda. No ano passado o assunto continuou e é essa série de posts que nos traz até aqui.  

Viva

Ei, clica aqui nessa parte do texto para ver bem a cor da qual estou falando!

Cada cor do ano busca harmonizar o contexto histórico e artístico dos anos, desde o início do novo milênio, contando através das cores um pouco do cenário das pessoas que trabalham colorindo o mundo. Viva Magenta foi a segunda cor criada pela PANTONE para ser uma cor de temática anual, diferente das escolhas anteriores a 2022, onde um quadradinho do catálogo existente era eleito a cromia que direcionaria os trabalhos do ano novo.

Prestes a conhecermos a escolha do tom que definirá 2024, fica a pergunta: onde estava Viva Magenta em 2023? Ao menos, a inspiração da escolha estava presente. Esse vermelho é um símbolo da inteligência artificial (IA), trazendo dos livros de anatomia um carmim orgânico, comunicando a interação das nossas vidas com a IA. De fato, nunca interagimos tanto com essa tecnologia quanto em 2023. 

Pela primeira vez, eu observei a presença de uma outra cor, roubando bastante a cena da Cor do Ano. Considero o golpe tão traiçoeiro, que quem faz isso é exatamente uma “irmã” da Viva Magenta: Pink Glo. E você já entendeu do que estou falando.

O “Barbie Pink” (um autêntico magenta, e não um vermelho com essa nomenclatura) ocupou os guarda-roupas de todos os que se envolveram com as estreias mundiais de “Barbie – o filme”, um icônico lançamento do ano, recordista de bilheteria e repercussão, dirigido pela genial Greta Gerwig. Não apenas esse tom de rosa ocupou o imaginário popular, mas todas as demais variações da cor foram muito bem utilizadas, como uma cor do ano merece. 

O movimento que buscava enaltecer a inteligência artificial deu de cara com a inteligência humana. Não é algo inédito que uma cor do ano não alcance o sucesso esperado. 2017 (o verde-amarelado Greenery) e 2018 (o roxo misterioso Ultraviolet) são provas de quem não conseguiu emplacar o sucesso de suas antecessoras de 2015 (o queridinho tom de vinho Marsala) e 2016 (A dupla de azul e rosa Serenity e Rose Quartz), febres globais na decoração e nos itens de moda. Comprove isso com sua memória visual: você tem algo Marsala até hoje em casa!

O fator realmente inesperado foi a escolha da população por uma cor que marcasse o ano, em vez de seguir uma voz autoritativa. Isso demonstra que estamos vivendo outros tempos, onde a mobilização de quem vive a arte, a cultura pop e a moda pode se tornar maior e mais importante que a opinião de um estudioso de tendências.

E eu acho que gosto disso.